A fruticultura irrigada pode impulsionar o desenvolvimento econômico potiguar, como evidenciam os números do balanço de exportações do ano de 2019. A boa nova é que mesmo num cenário adverso, de desaceleração no comércio internacional, com queda de 12% nas exportações dos estados nordestinos (Pernambuco teve queda de mais de 30%), o RN teve um desempenho extraordinário, com crescimento de 42% em relação a 2018.
O melão é o principal produto da nossa pauta, mas outras frutas como a melancia vem ganhando importância, com crescimento da área de plantio de 3,5 vezes e do volume produzido de quase 3 vezes, de 2016 para 2018, conforme dados da PAM/IBGE. Aliás, esta é a única fruta que expandiu significativamente sua área nos últimos anos, o que justifica o incremento de suas exportações.
O principal destino da produção do RN ainda é a Comunidade Europeia, ou seja, a China maior consumidor de produtos do agronegócio brasileiro ainda não aparece, mas sua eminente entrada fará crescer as perspectivas.
É evidente que o crescimento da demanda trará alguns riscos atrelados ao processo produtivo e de comercialização. A atividade é fortemente marcada pela dependência dos recursos naturais trazendo riscos de ordem ambiental, fitossanitária, socioeconômica e de mercado. A chave para o sucesso pode estar justamente em saber operar nesse cenário em que as ameaças devem ser transformadas em oportunidades.
A abertura do mercado chinês para as nossas frutas é consequência de trabalho árduo ao longo de anos e da organização dos produtores para superar problemas fitossanitários, fazendo do RN área livre da mosca das frutas. Esse patrimônio fundamental deve ser preservado, com a melhor estruturação da defesa agropecuária, contando inclusive com a cooperação dos produtores rurais, sendo o Coex um exemplo muito positivo dessa parceria.
Do mesmo modo, outros riscos identificados devem ser trabalhados como oportunidades na forma de desenvolvimento de novas tecnologias, produtos processos e serviços, mediante a atração de novos investimentos e parcerias capazes de complementar o arranjo da fruticultura, contribuindo para seu incremento, ampliando a geração de ocupações e renda.
Além disso, muitos ganhos de eficiência podem ser alcançados, principalmente pelos pequenos produtores, que podem dar saltos de organização via cooperativismo, pela adoção de inovações e melhoria da comercialização. Nesse processo a assistência técnica e extensão rural pode contribuir decisivamente. Mas este é um tema para outra conversa.